Trojan Horse

Da lenda do Cavalo de Troia da Antiguidade Clássica ao Cavalo de Troia virtual contemporâneo, o tema da violação assume diversas tonalidades dentro do feminino. Se o ventre oco do cavalo de madeira carregava o exército grego que no resgate de Helena, esposa de Menelau, destruiria a cidade de Troia de dentro do seu próprio centro; o tráfego virtual esconde em muitas ocasiões os malwares, que imitando a lenda clássica e inúmeros episódios históricos, permitem a abertura de um sistema por dentro, tornando suas informações vulneráveis a invasões externas de entidades não autorizadas, na definição e manipulação incessante de seus limites. Não focando apenas nas vítimas de abuso sexual, CAVALO DE TROIA explora outras formas de violação física, psíquica e emocional da mulher, mas também da invasão da própria cidade como fórum da engenharia social distorcida, nomeadamente a invasão da privacidade (do perseguidor tradicional às redes sociais voyeurísticas), dos cânones da beleza (do desvio da cirurgia estética à recusa dos parâmetros de beleza pelos meios de comunicação de massa e até pela própria tradição), e das crenças, fé, valores e moral (a rebelião contra os hábitos sociais), entre outros.
Como uma ode à Mulher, da deusa Vênus à musa Helena, símbolo platônico e apaixonado através das gerações, CAVALO DE TROIA nos leva à matriz do erotismo feminino, através de estados de atração e repulsa desvendando comportamentos de risco e violência, entre o amor e o ódio, na vertigem carnal do sadomasoquismo.

Direção artística, Cenografia e Desenho de luz André Mendes
Música original Pedro Augusto aka Ghuna X
Cocriação e interpretação Marta Cunha
Apoio à Dramaturgia Emanuel de Sousa
Figurinos André Mendes, Patrícia Sousa
Operação Técnica João Teixeira
Registo fotográfico Pedro Mendes
Gravação de vídeo Andrea Azevedo
Patrocínio Fundação Calouste Gulbenkian
Parceiros institucionais Balleteatro, Companhia Instável, Mala Voadora, Ponto Teatro
Agradecimentos Cristina Planas Leitão, Daniela Gonçalves